terça-feira, 3 de novembro de 2009

Vai, Maneco!


Por que Viver a Vida não deslancha? Acredito que seja por causa da ausência de conflito. Ou mesmo que ele já esteja instalado, é fraco ou não se faz perceber. A contenda entre Helena e Luciana carece de força dramática, mais por culpa de Taís Araújo que de Alinne Moraes (lembram de Sílvia a vilã psicopata de Duas Caras?). Acho que não houve química entre as duas. O mesmo vale para o duelo Helena x Tereza. Lilia Cabral é, sem dúvida, uma grande atriz que segura brilhantemente esse tipo de papel, mas não encontra respaldo do outro lado do ringue. É como diz o ditado: "quando um não quer, dois não brigam".

Não assisto a novela assiduamente, mas até agora não me deu vontade de dizer “não perco um capítulo sequer”. As tramas paralelas também são fracas. A relação entre Gustavo (Marcelo Airoldi) e Malu (Camila Morgado) que, acredito eu, deveria ser um “núcleo de humor” não convence. Esse clima A Gata e o Rato beira o ridículo. Os personagens médicos de tão inverossímeis deixariam com vergonha o pessoal do Seattle Grace e do County General. E os gêmeos maniqueisticamente diferentes um do outro? Melhor vê-los no Casseta & Planeta. Isso tudo sem falar no José Mayer...

Ao que tudo indica, Viver a Vida tem bons índices de audiência, só que até agora tenho ouvido apenas críticas negativas a respeito da trama. É preciso dar uma sacudida nesse folhetim antes que seja tarde. Quero ver gente boa como Giovanna Antonelli, Klara Castanho (excelente) Letícia Spiller, Thiago Lacerda, Natália do Vale, Maria Luísa Mendonça (totalmente desperdiçada) e a própria Lília Cabral mostrarem tudo o que podem. E quem sabe eles também não dão umas dicas para a protagonista... Chega dessa pasmaceira, queremos novelão! Vai, Maneco, contamos com você!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Escolhendo o elenco

Quem faz a escolha de elenco de uma novela? Pelo que eu sei, autores escrevem determinados papéis já pensando em atores específicos que irão desempenhá-los. O que às vezes não dá certo, como foi o caso da garota de programa Bebel, personagem escrita por Gilberto Braga para Mariana Ximenes e que, por sorte, ela não pôde fazer e tivemos Camila Pitanga em uma de suas melhores atuações em novela – senão a melhor.

Diretores também cumprem a função de definir quem fará o que nos folhetins. Quando há famílias, esse trabalho deve ser um pouco mais complicado, porque é preciso escolher pessoas que tenham alguma semelhança entre si ou que nos façam crer que poderiam ser parentes de verdade. Há situações em que isso nem é tão difícil, como em Por Amor onde Regina Duarte vivia a mãe de sua própria filha na vida real, Gabriela Duarte.

Em Viver a Vida, Natália do Vale é Ingrid, mãe dos gêmeos Miguel e Jorge (Mateus Solano) e, cá pra nós, eu acho que eles tem alguma coisa que justifica a escolha dos papéis. Sei lá... talvez os olhos... Pra mim, deu certo. Na mesma novela, Betina (Letícia Spiller) é mãe de Clarisse (Cecília Dassi), repetindo a dupla de Suave Veneno quando foram Maria Regina e Patrícia Maria, mãe e filha respectivamente. Também convencem no parentesco pelo formato do rosto, cor da pele e dos olhos.

Quem mais repetiu a dobradinha mãe/filho foram Susana Vieira e Maurício Mattar. Ao todo foram três produções diferentes em que os dois assinaram o mesmo sobrenome. A primeira foi Bambolê em 1987/88 em que eram Marta e Murilo. Em 1989, era Sérgio que chamava Gilda Toledo Blanco de mamãe em O Salvador da Pátria. E, por fim, na engraçadíssima Lua Cheia de Amor, de 1990/91, a translumbrante Laís Souto Maia era a mãe do bom rapaz Augusto.

Há casos em que os irmãos não tem muito a ver um com o outro. Se lembra da prole de Tide (Tarcísio Meira) e Lalinha (Glória Menezes) em Páginas da Vida? Quem poderia dizer que Leandro (Tato Gabus), Carmen (Natália do Vale), Márcia (Helena Ranaldi), Jorge (Thiago Lacerda) e Olívia (Ana Paula Arósio) eram irmãos? Bem diferente de Fred (Luigi Baricelli) e Camila (Carolina Dieckmann) filhos de Helena (Vera Fischer) em Laços de Família, que convenciam bem como família. Aliás, desde que vi Carolina em seu primeiro papel na série Sex Appeal, comentei com amigos que um dia ela poderia atuar como filha de Vera Fischer.

É... acho que eu poderia trabalhar com isso, se alguém souber de uma vaga, me avisem...


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Memórias da Emília


Quando o Sítio do Picapau Amarelo estreou na Globo em março de 1977, eu tinha de 7 para 8 anos, e, como todas as crianças da época, não perdia um capítulo da saga - misto de fantasia e realidade - de Pedrinho, Narizinho, Emília e Visconde.

Me recordo de alguns dos primeiros episódios que foram ao ar como A Cuca Vai Pegar, onde a “jacaroa”, na época vivida por Dorinha Duval, transforma quase todos do Sítio em pedra. João Faz de Conta, aquele em que o Pedrinho, depois de ouvir a história do Pinóquio, resolve dar vida a um boneco de madeira e deixa o Visconde todo enciumado. O Anjinho da Asa Quebrada (interpretado por Gabriela Alves) que Emília tenta transformar em atração do seu Circo de Escavalinho. E numa noite, cercada por todos, Dona Benta começa a falar sobre a Grécia com seu teatro, tragédias e mitologias e surge a história do Minotauro, Teseu (Gracindo Júnior) e Ariadne (Lúcia Alves), para mim, um dos melhores episódios de todos os tempos. Devo dizer que eu tinha medo de muitas coisas: da Cuca, do João Faz de Conta e até do Príncipe Escamado, mas nem por isso deixava de assistir.

Nesse dia me recordo ainda mais do Sítio por causa da notícia da morte de Dirce Migliaccio que deu vida à boneca Emília nos primórdios da série. Dirce tinha um jeito peculiar ao interpretar suas personagens, uma coisa um tanto que avoada e vivaz. Tudo ao mesmo tempo. Um olhar meio perdido, meio melancólico, que também é característico do irmão Flávio. A atriz se junta agora ao grande time de atores que encarnaram personagens de Monteiro Lobato e que já partiram, como Zilka Salaberry, Jacira Sampaio, Samuel Santos e André Valli.

Para quem não conhece ou quiser relembrar o Youtube está cheio de trechos de vários episódios desse fantástico programa infantil que foi o Sítio do Picapau Amarelo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A vida é uma grande ilusão


Sai Lapa, entra Leblon. O multicolorido Rajastão sai de cena e, em seu lugar, avistamos as belas e pictóricas paisagens de Búzios. Desaparece o histrionismo de Caminho das Índias e entra em cartaz o estilo suave e minimalista de Manoel Carlos. Não vamos mais ter que ouvir “você não vale nada mas eu gosto de você” nem a agitada abertura Beedi de Sukhwinder Singh & Sunidhi Chauhan. Em vez disso, temos Vinicius, Chico e Miúcha nos embalando com “sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão”.

Tentei muito assistir a estreia de Viver a Vida ontem mas só consegui ver a cena final do desfile onde a personagem Luciana, vivida por Alinne Moraes leva um tombo na passarela. Ali já se pode ver que o clima entre ela e a protagonista ainda vai pesar muito até maio de 2010.

Confesso que estou curioso pra saber como Taís Araújo vai se sair como a oitava Helena do Maneco. Tenho minhas reservas quanto ao talento da superbonita. Se bem que, sob um olhar mais cuidadoso, algumas das protagonistas anteriores não foram lá essas coisas. A melhor, para mim, foi Lilian Lemmertz que era uma atriz sensacional de grande carga dramática e, pela sua primorosa atuação em Baila Comigo, recebeu inúmeros elogios do público e da crítica. Em segundo lugar, vem Christiane Torloni, que viveu uma Helena humana, às vezes fraca, vulnerável, infiel e cheia de defeitos. Talvez, por isso, uma das melhores. Maitê Proença e Vera Fischer nunca me deram demonstrações de grande talento dramatúrgico, no entanto, Manoel Carlos conseguiu arrancar da loiruda - ponto para ele - uma atuação convincente.

E a Regina Duarte, hein?! Bom... esse é um terreno movediço porque muita gente acha ela talentosíssima. Mas, devo admitir que tenho uma certa birra com a namoradinha do Brasil, de suas caras e bocas e de sua atuação afetada. Classifico Raquel Accioli de Vale Tudo e a viúva Porcina, a que era sem nunca ter sido, os dois pontos altos da carreira folhetinesca de dona Duarte. As três Helenas que ela fez me pareceram sempre a mesma pessoa. Como se ao longo dos anos ela fosse tendo surtos de amnésia e vivido outras vidas, outros relacionamentos, tido outros filhos, outras profissões, mas sempre com aquele jeitinho “não-é-minha-gente?” de ser.

Deixando as Helenas de lado, as novelas do Maneco sempre exerceram um certo fascínio sobre mim. Na novela Baila Comigo o Leblon ainda não era o protagonista. O foco era na classe média mesmo e, desta feita, era o bairro de Santa Teresa com suas casa antigas e o charmoso bondinho que serviram de cenário para a trama. Para mim, a maneira idealizada com que a capital fluminense era retratada, tanto nessa como nas novelas posteriores do autor, me fizeram sempre sonhar com o dia que eu conheceria o Rio pessoalmente. Isso não fez de mim um alienado como poderia achar algum militante de esquerda marxista, argumentando que me deixei enredar pelo discurso pequeno-burguês de Manoel Carlos, apenas me tornou um eterno apaixonado pela beleza estonteante da Cidade Maravilhosa, que conheci pela primeira vez há 21 anos atrás.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

De repente, 30
















Ontem estava assistindo um trecho de No Limite, que aliás, tá difícil de aguentar, e vi a hora em que a equipe Taiba indicou a pessoa que possivelmente será eliminada no próximo domingo. Não era preciso muito esforço para logo pressupor que o eleito seria o Ronaldo. Por que digo isso? Ora, porque ele tem 55 anos.

Lembram do Nonô da última edição do Big Brother Brasil? Foi o primeiro a cair fora da “casa mais vigiada do Brasil”. Tudo bem que ele era chato e o escambau, e não tô aqui pra defendê-lo. Mas, ele era a figura destoante no meio de uma galera de jovens (no máximo trintões) sarados e descolados (há controvérsias). A própria Naná, não fosse o clima mamãe-e-filhinha que rolou entre ela e Ana Carolina, já estava ameaçada de rodar nos paredões seguintes.

Recentemente tentei concorrer em uma promoção do site da cantora Vanessa da Mata para assistir à entrega do Prêmio Multishow, no Rio de Janeiro. Mas, para participar, é preciso ter entre 18 e 30 anos, além de enviar uma foto ou um vídeo recente onde a pessoa apareça demonstrando todo o seu amor pela cantora. I´m out! Quer mais uma: Para se inscrever no Vídeo Game e mostrar que você sabe tudo de TV, é preciso mandar um email com seus dados e, detalhe, é preciso ter entre 18 e 30 anos.

Está parecendo mágoa de caboclo isso, não é? Está, eu sei... Mas o que se pode concluir é que depois dos 30, você já era. Fala-se muito da ditadura da beleza, mas o que vemos aqui é uma ditadura da idade. Um coro que repete à exaustão o verso da música de Marcos Valle “não confie em ninguém com mais de 30 anos”.

No livro Convite à Filosofia, a pensadora brasileira Marilena Chauí diz acertadamente: “Periodicamente os brasileiros afirmam que vivemos numa democracia, depois de concluída uma fase de autoritarismo. Por democracia entendem a existência de eleições, de partidos políticos e da divisão republicana dos três poderes, além da liberdade de pensamento e de expressão... essa visão é cega para algo profundo na sociedade brasileira: o autoritarismo social. Nossa sociedade é autoritária porque é hierárquica, pois divide as pessoas... Não há percepção nem prática da igualdade como um direito. Nossa sociedade é autoritária porque é violenta: nela vigoram racismo, machismo, discriminação religiosa e de classe social, desigualdades econômicas das maiores do mundo, exclusões culturais e políticas”.

Imagina só se isso acontecesse na hora de escolher o elenco de uma novela. Em Caminho das Índias, por exemplo, Glória Perez teria que escalar outros dois galãs para os papéis de Raj e Bahuan, pois, Rodrigo Lombardi e Márcio Garcia têm, respectivamente, 32 e 39 anos. Juliana Paes passa raspando. No próximo ano a morena também estaria se aposentando. E nós, expectadores, ainda seríamos privados do talento de atores como Tony Ramos, Débora Bloch, Ana Beatriz Nogueira e Christiane Torloni, para citar apenas alguns.

Sei que posso estar exagerando e o Boninho bem como a Vanessa da Mata ou, seja lá quem for o responsável (ou os responsáveis) por criar esses parâmetros de idade para participação nesses concursos e programas, têm o direito de escolher quem vai ou não aparecer do lado da Angélica no Vídeo Game e na primeira fila do Teatro Municipal na entrega do prêmio. Mas faço valer aqui, pelo menos, o meu direito à liberdade de expressão.

terça-feira, 14 de julho de 2009

A Fazenda

Devido ao sucesso alcançado pelo reality show A Fazenda, a Record já planeja mais duas edições do programa. Sei de muita gente que assiste ao programa. Eu mesmo sou um deles. Tenho uma atração por realities, confesso. Assisto até aqueles gringos: Descabelados, Project Runway, The Amazing Race, Extreme Makeover e por aí vai.
Fiquei pensando no elenco da próxima edição e tenho alguns nomes que eu sugeriria, mas fui além. Imaginei como seria A Fazenda com personagens de novelas. Fiz então uma seleção de figuras que já pintaram nos folhetins que dariam o que falar. Além de elevar o ibope nas alturas.
Publico agora as minhas 12 escolhidas, no próximo post coloco os homens. Veja também o que cada uma delas comentou sobre sua participação nessa edição especial de A Fazenda:















D. Armênia: “Vou colocar essa fazenda na chom!”
Babalu: “Só entrei nesse troço por causa do aqué, mona!”
Bebel: “Que boa ideia esse reality show primaveril em pleno outono...”
Nazaré Tedesco: “Bando de flageladinhos... não vou alimentar bicho nenhum... quero que eles morram todos!”
Branca Letícia de Barros Motta: “Me prepara um martini antes”
Nazira: “Essas mulheres são todas umas espetaculosas”
Iris: “A Helena que me mandou pra cá por causa daquela intragável da Camila!”
Porcina: “Miiiiiiiiiiiiinaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!”
Magda: “Pensei em fazer uma lipo inspiração, um displante de cabelo... pensei até em usar um lente de contrato pra ficar mais bonita...”
Rafaela: “Posso usar meu casaco de vison aqui nessa fazenda?”
Tina Pepper: “Me gusta tu cuerpo, me gusta demás”
Tancinha: “Me tô divididinha que nem uma laranja, Betoooooo!”




quarta-feira, 8 de julho de 2009

Alguma coisa acontece no meu coração














A novela Guerra dos Sexos foi uma das melhores novelas das 19 horas. Talvez a comédia mais bacana do Sílvio de Abreu. A memorável cena pastelão protagonizada por Paulo Autran e Fernanda Montenegro como Bimbo e Cumbuca, vira-e-mexe é reprisada no Vídeo Show. Eu não perdia um capítulo sequer. Minha personagem preferida era a D. Nieta (interpretada pela incrível Yara Amaral), que vivia chamando a Lucilene (Helena Ramos) de “tontolona”. Tinha também Cristina Pereira na pele da impagável Frô.

Mas outro motivo que me atraía a Guerra dos Sexos era a maneira que a cidade de São Paulo era mostrada. Várias imagens panorâmicas da paulicéia apareciam entre uma cena e outra ao som da música Viva, de Kleiton & Kledir, que na trilha sonora aparecia como tema de locação. Eu achava lindo e pensava como ia ser legal se, um dia, eu morasse na capital. Coisa de gente simples do interior...

O fato é que esse desejo de morar em Sampa só foi aumentando conforme os anos se passaram. Veio Vereda Tropical outro grande sucesso das sete, outra vez sob a batuta de Sílvio de Abreu, dessa vez como colaborador de Carlos Lombardi. Mais uma pancada de personagens ótimos como Bina (Geórgia Gomide) a fogosa dona da cantina La Tavola di Michelli, Téo (Marcos Frota) que se transformava no Super Téo e a sensualíssima Verônica, encarnada por Maria Zilda (que na época ainda não era Bethlem). De novo São Paulo era personagem importante da trama e o tema de locação dessa vez ficava por conta do debochado Premeditando o Breque com a ótima São Paulo, São Paulo (uma sátira à cidade grande a la New York, New York).

Outras novelas vieram e São Paulo sempre me enchia os olhos com um prazer cada vez mais profundo. De acordo com o filósofo Alain de Botton “valorizamos elementos ‘estrangeiros’ não só porque são novos, mas porque parecem se harmonizar com nossa identidade e com nossos envolvimentos de modo mais fiel do que qualquer coisa que nossa terra natal possa fornecer”. Bingo!

São Paulo sempre deu respaldo a ideias e valores que faziam e fazem parte da minha identidade, mas com as quais a minha cidade ou o meio onde eu vivia demonstravam pouca afinidade. E, embora não seja uma metropóle a que se possa associar de pronto a um lugar belo, isso seria apenas uma forma de dizer que gostamos de um lugar. Hoje, morando aqui, reafirmo: I love SP!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Caça à raposa

Li no site Na Telinha que a Rede Globo conseguiu efeito suspensivo à decisão de reclassificação da novela Senhora do Destino, de Aguinaldo Silva. Na semana passada, o Ministério da Justiça havia reclassificado a trama para maiores de 12 anos, por achar o conteúdo da novela inadequado, além de já ter advertido a emissora sobre as cenas da vilã Nazaré (Renata Sorrah), consideradas violentas para o horário. A Globo se comprometeu em ser mais rígida na adequação da novela.

Assisti hoje a um dos capítulos fundamentais da trama em que o segredo sobre Isabel/Lindalva vem à tona. Renata Sorrah, como sempre, deu um show zombando dos “flageladinhos” e dizendo, às gargalhadas, que “trocaram a irmã por um sorvete”. Seria uma pena tirarem a “raposa felpuda” do ar.

Em minha opinião, o que uma criança pode ou não assistir deve ser decidido pelos pais. Como já contei em outro post, minha mãe sempre garantiu, na medida do possível, que eu e meus irmãos assistíssemos a programas educativos. Acho ainda que o papel dos pais não deveria se limitar meramente à definição de restrições. O mais interessante e produtivo seria desenvolver um diálogo com os pequenos discutindo os valores a respeito do que se aprende (ou não) ao assistir tevê. Dessa maneira se consegue perceber até que ponto a criança é afetada pelo que assiste na telinha.













Isso me fez recordar de quando eu era muito novinho, na época em que ia ao ar o mega-sucesso de Janete Clair, Selva de Pedra. Eu tinha três anos de idade e dizia que eu era o Cris e que a minha vizinha Kátia (não a cega), uma japinha com idade próxima à minha, era a Simone – personagens vividos por Francisco Cuoco e Regina Duarte respectivamente. Um dos grandes momentos de Selva de Pedra foi a cena do acidente sofrido por Simone. Durante o dia em que foi exibido o capítulo, a censura veiculou avisos em que alertava os pais para que tirassem seus filhos da sala porque as imagens seriam muito fortes.

Tudo isso só fez aguçar nossa curiosidade pirralha. À noite, ficamos espiando pelo vão da porta a famigerada cena do capotamento e posterior explosão do fusca dirigido pela Namoradinha do Brasil, que ainda se rastejou toda machucada após ter conseguido sair do carro. Acho que foi nesse dia que virei noveleiro.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Profissões nas novelas

Existem profissões que volta e meia são retratadas nas novelas, como é o caso das empregadas domésticas. Elas sempre estão lá. Podem ser caladas, intrometidas, engraçadas, falastronas e até terem grande destaque nas tramas como a Mônica (Camila Pitanga) de Belíssima, a Ritinha (Juliana Paes) de Laços de Família e a Judite (Walderez de Barros) de O Rei do Gado.

Empresários também sempre estão presentes nos folhetins. Quem não se lembra do Renato Villar (Tarcísio Meira) em Roda de Fogo com suas dores de cabeça? Ou da maledicente e toda-poderosa Odete Roitman (Beatriz Segall) de Vale Tudo?

Outra profissão bastante comum é a de dona de pensão. Me recordo da Fanny vivida pela Nicete Bruno na segunda versão de Selva de Pedra que atendia o telefone dizendo: “Pensão Palácio, bom dia!”. E outras: D. Divina (Neusa Maria Faro) em Alma Gêmea, Consuelo (Claudia Jimemez) em América, D. Lourdes (Cleide Blota) em Fera Radical. As pensões nas novelas, a meu ver, servem como medida de economia em produção e cenografia. Junta lá um monte de personagem pobre e vão todos morar na pensão da D. Fulana e está formado um núcleo.

Por outro lado, há profissões que aparecem muito pouco, como a minha, por exemplo. Que eu me lembre apenas a Débora Falabella viveu uma designer gráfica em Senhora do Destino. Antes disso: Vera Fischer foi uma desenhista de jóias na novela Brilhante, mesmo campo de atuação de Isadora Venturini, personagem de Silvia Pfeiffer em Meu Bem Meu Mal.

Em Coração Alado, Aracy Balabanian interpretou a única cobradora (ou trocadora) de ônibus das novelas. A personagem Maria-Faz-Favor conquistou o público como uma mulher batalhadora e cheia de sonhos. Era apaixonada pelo barão Von Strauss (Jardel Filho), que na verdade era um massagista que fingia ser barão.
Retratar profissões nas tramas é um terreno em que os autores caminham com alguma dificuldade. As associações de classe estão sempre de olho, prontas a criticar e, às vezes, até a processar por situações apresentadas que possam denegrir a imagem dos profissionais, mesmo que a Constituição Federal não admita qualquer tipo de censura às manifestações artísticas. Acho tudo isso uma bobagem. Novela é diversão e entretenimento e como tal deve ser encarada. Embora eu tenha que confessar que quando via a Solange (Lídia Brondi) como editora da Tomorrow em Vale Tudo, eu sonhava em um dia trabalhar numa redação de revista. Onze anos depois meu sonho se tornou realidade na editora Alto Astral.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Música é perfume

Segundo Maria Bethânia, “nada como um cheiro ou uma música para nos fazer sentir, viver, lembrar”. E eu concordo com ela. Há músicas que me trazem muitas recordações, como aquela que eu ouvia de pequeno nas Lojas Americanas. Até meus 14 anos, meu contato com a música se deu ouvindo rádio AM em Bauru, que na época me apresentava alguns figurões da MPB dos quais sou fã até hoje, como Chico Buarque e a própria Bethânia. Na vitrola de casa o que estava sempre na agulha era Julio Iglesias, Irmãs Galvão, Tião Carreiro e Pardinho e coisas do gênero, por conta do gosto musical de meus pais. Tinha um LP que eu adorava chamado Women in Love com cantoras internacionais do naipe de Barbra Streisand, Carly Simon, Carole King, entre outras. Esse meu pai deu de presente para minha mãe no dia dos namorados. Que bonitinho...

Na minha adolescência, quando eu já tinha dinheiro para os meus próprios discos, freqüentei muito lojas como A Discolar e O Disquinho. O ritual de compra de um LP era um processo complicado que quem nasceu na era do CD e do mp3 nem imagina. Hoje, nas megastores como Livraria Cultura e Fnac, você pega o CD, passa o código de barras pelo leitor e ouve 30 segundos de cada faixa. No método antigo, mais prosaico, você pegava o disco, ia até a atendente e pedia para ela tocar faixa por faixa, lado A e lado B, para poder ter uma noção geral do que ia levar ou não pra casa.

Fiz muito disso e, por várias vezes, acabei não levando nada. O que me tornou uma pessoa não muito benvinda nas lojas. As balconistas acabavam inventando uma desculpa para não tocar os discos que eu pedia ou então simplesmente me ignoravam. A saída foi me tornar amigo de uma delas – a Valdirene –, que trabalhava numa loja muito perto da minha casa. Descobrimos que tínhamos gosto muito parecido e acabávamos ouvindo discos inteiros na loja. Ouvimos muito Kid Abelha, Legião, Paralamas, Barão Vermelho sem precisar desembolsar um centavo. Também adorávamos as trilhas das novelas como Sassaricando, Bebê à Bordo, Top Model e O Outro. Eu ficava tanto tempo na loja que me sentia meio dono do negócio.

Vi outro dia uma reportagem dizendo que nunca se ouviu tanta música como nos dias de hoje. Conheço muita gente que não sai de casa sem seu mp3 player com milhares de canções baixadas da internet. Há os que ainda compram CDs originais e são terminantemente contra a pirataria, como minha amiga Mariana. E os saudosistas ou puristas que adoram os discos de vinil, como o personagem de Ary França no filme Durval Discos. Seja no formato que for, como diz Bethânia, “música é perfume”.



domingo, 3 de maio de 2009

Tevê educativa

Como qualquer pessoa que assiste tevê deve estar sabendo a Rede Globo está completando 44 anos em 2009. Mas o que quase ninguém sabe é que é a mesma idade da minha irmã Adriana. E pouca gente deve lembrar também que 44 é a idade da Rosana Garcia, atriz que estrelou algumas vinhetas comemorativas, como a dos 15 anos da emissora. Ideologias e críticas à parte, posso dizer que a programação da Globo contribui em grande parte para a minha formação, pois cresci assistindo muitos de seus programas.

Me lembro especialmente do seriado infanto-juvenil Shazan, Xerife e Cia. com os ótimos Flávio Migliaccio e Paulo José – uma dupla de mecânicos meio trapalhões que andavam pelo Brasil, a bordo de sua camicleta (caminhão-bicicleta) à procura de emprego e também de aventuras. Com elementos circenses, meio Bye Bye Brasil, os episódios ainda traziam muitas mensagens educativas. Eu gostava tanto do programa que, no dia seguinte ao episódio, eu e meu irmão brincávamos de camicleta no quintal de casa, juntando objetos e alguma sucata que eram nossos brinquedos preferidos, pois sempre nos davam uma certa liberdade criativa na hora da diversão.

Nessa fase ainda assistíamos Mundo Animal, Amaral Neto, o Repórter (com o inesquecível vídeo da pororoca), Sítio do Picapau Amarelo (morria de medo da Cuca e do João-Faz-de-Conta) e Globinho (com apresentação da Paula Saldanha), além de muitos desenhos animados (Tom & Jerry era meu favorito). Minha mãe sempre enxergou a necessidade de encontrar alguma coisa educativa na televisão e, por isso, fazia questão de que soubéssemos aproveitar o tempo que ficávamos em frente à telinha. Hoje não sou tão seletivo assim, vejo muita porcaria que não vou citar agora, mas assisto com frequência o Discovery e o Nat Geo. De qualquer maneira: brigado, mãe!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Retratos e canções

Quando ouço uma música, especialmente se for um flashback, comento com o amigo mais próximo: "Essa música é da novela x". A Sabrina sempre fala que eu chuto ou então que eu falo que é da Água Viva, pois aí ela não pode contestar se eu tô falando a verdade ou não. O fato é que como sou noveleiro desde pequeno, marco períodos da minha vida de acordo com as tramas que estavam no ar. I'm So Glad That I'm a Woman do grupo Love Unlimited é umas dessas canções que me fazem recordar de uma época. Era da trilha sonora internacional de Coração Alado, folhetim de Janete Clair que foi ao ar entre 11 de agosto de 1980 e 14 de março de 1981. O disco tinha ainda outras músicas que eu adoro como o hit The Winner Takes It All, do Abba e Sailing, do Christopher Cross. Coração Alado foi bem ousada para a época, pois teve uma cena de violência sexual protagonizada por Ney Latorraca e Vera Fischer e ainda uma ousada insinuação de masturbação com Débora Duarte. Um escândalo...

Mas essa música me lembra muito as Lojas Americanas que, durante minha infância em Bauru, era tipo a "Grande Mãe", minha principal fonte de lazer longe dos arredores da minha casa, onde eu ia admirar os brinquedos e comer cachorro quente com refresco de caju. Se eu fechar os olhos posso sentir o sabor do molho de tomate quentinho com pimentão, o pãozinho de leite macio e o refresco no copo de papel encerado no final. Me vem também a imagem da saída do ar condicionado no teto com aquelas fitinhas balançando e I'm So Glad tocando no sistema de som. Para quem cresceu em grandes cidades, isso pode parecer uma bobagem, mas quem foi criado no interior como eu vai me entender...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Vídeo Show ao vivo

Vídeo Show estreou hoje sua nova fase, ao vivo e com novos apresentadores: Fiorella Mattheis, Luigi Baricelli, Ana Furtado (que não apareceu porque estava gravando Caminho das Índias) e André Marques, que apesar dos boatos sobre sua saída, continua lá, firme e forte. Ainda bem, pois ele garantiu a espontaneidade e a dose de improviso necessários ao vespertino. A dupla de novatos não foi muito bem. Fiorella é deslumbrante e fica sempre bem no vídeo, até quando faz careta, não há como negar, mas me pareceu muito ensaiadinha. Uma coisa teatrinho da escola, sabe? E o Luigi gritou um pouco, dava a impressão que estava no Caminhão do Faustão. Mas, não quero ficar tacando pedra nos bonitinhos, acredito que com o tempo eles conseguirão ficar mais descontraídos. Ou não...

No geral achei o programa bem dinâmico e gostoso de assistir, embora as matérias não tenham trazido muitas novidades, além da nova repórter – a japinha simpática e ex-TV GlobinhoGeovanna Tominaga. Teve ainda uma entrada (também ao vivo) da Ana Maria Braga, direto de sua nova casa e um bate-papo entre André e Angélica, que explicou como será o novo Vídeo Game. Outra novidade é que no final da abertura, que tem um arranjo novo sobre a música original Don´t Stop Till You Get Enough do Michael Jackson, a tela/vídeo do logotipo é agora widescreen. Tempos modernos.

Sempre fui fã do Vídeo Show, desde os primórdios quando era apresentado aos domingos e comandado pela Tássia Camargo. Já fui até chamado de Garoto-vídeo-show por alguns amigos por sempre me lembrar de coisas antigas da tevê e das novelas. Para a estreia de hoje, dou nota 8.

domingo, 12 de abril de 2009

Santa sexta-feira, Batman!

Quando eu era criança, durante a semana santa, a Sessão da Tarde sempre apresentava filmes com temática religiosa, prática que resiste até os dias de hoje, só que naqueles tempos pré-Padre Marcelo, as produções de então volta e meia contavam a vida de Jesus ou de algum outro personagem bíblico. Me lembro de um filme que retratava as aparições de N. Sra. de Fátima, quando o terceiro segredo ainda era envolto em mistérios pela Igreja Católica e, por isso, eu tinha um pouco de medo do filme. Não me perguntem porquê. Ainda mais que “aparição” nunca foi uma palavra que me deixasse muito confortável.

Apesar disso, cresci e acabei me interessando pelo assunto. E hoje sou grande fã de programas do Discovery, National Geographic, History e afins que traçam paralelos entre ciência e arqueologia e trechos bíblicos. Esse final de semana foi um prato cheio. Assisti a vários. O mais interessante foi um que falou sobre as 10 Pragas do Egito (que minha amiga Lucília jura que foram 7) e explicou como a erupção de um vulcão na ilha de Santorini, na Grécia, desencadeou a série de eventos que culminaram com o êxodo dos israelitas para a Terra Prometida.

Para não deixar a tradição de lado ainda consegui ver uns trechos de uma versão mais recente de Os Dez Mandamentos. Produção fraquinha mas com a curiosa participação de Naveen Andrews – o Sayd de Lost – no papel de (pasmem!) um egípcio.
Confesso que enquanto estava na frente da minha tevê, não pude deixar de me sentir um pouco nostálgico e com saudade daqueles filminhos da Sessão da Tarde que via com minha mãe e meus irmãos entre canecas de leite com Nescau e bolinhos de chuva.