terça-feira, 26 de maio de 2009

Profissões nas novelas

Existem profissões que volta e meia são retratadas nas novelas, como é o caso das empregadas domésticas. Elas sempre estão lá. Podem ser caladas, intrometidas, engraçadas, falastronas e até terem grande destaque nas tramas como a Mônica (Camila Pitanga) de Belíssima, a Ritinha (Juliana Paes) de Laços de Família e a Judite (Walderez de Barros) de O Rei do Gado.

Empresários também sempre estão presentes nos folhetins. Quem não se lembra do Renato Villar (Tarcísio Meira) em Roda de Fogo com suas dores de cabeça? Ou da maledicente e toda-poderosa Odete Roitman (Beatriz Segall) de Vale Tudo?

Outra profissão bastante comum é a de dona de pensão. Me recordo da Fanny vivida pela Nicete Bruno na segunda versão de Selva de Pedra que atendia o telefone dizendo: “Pensão Palácio, bom dia!”. E outras: D. Divina (Neusa Maria Faro) em Alma Gêmea, Consuelo (Claudia Jimemez) em América, D. Lourdes (Cleide Blota) em Fera Radical. As pensões nas novelas, a meu ver, servem como medida de economia em produção e cenografia. Junta lá um monte de personagem pobre e vão todos morar na pensão da D. Fulana e está formado um núcleo.

Por outro lado, há profissões que aparecem muito pouco, como a minha, por exemplo. Que eu me lembre apenas a Débora Falabella viveu uma designer gráfica em Senhora do Destino. Antes disso: Vera Fischer foi uma desenhista de jóias na novela Brilhante, mesmo campo de atuação de Isadora Venturini, personagem de Silvia Pfeiffer em Meu Bem Meu Mal.

Em Coração Alado, Aracy Balabanian interpretou a única cobradora (ou trocadora) de ônibus das novelas. A personagem Maria-Faz-Favor conquistou o público como uma mulher batalhadora e cheia de sonhos. Era apaixonada pelo barão Von Strauss (Jardel Filho), que na verdade era um massagista que fingia ser barão.
Retratar profissões nas tramas é um terreno em que os autores caminham com alguma dificuldade. As associações de classe estão sempre de olho, prontas a criticar e, às vezes, até a processar por situações apresentadas que possam denegrir a imagem dos profissionais, mesmo que a Constituição Federal não admita qualquer tipo de censura às manifestações artísticas. Acho tudo isso uma bobagem. Novela é diversão e entretenimento e como tal deve ser encarada. Embora eu tenha que confessar que quando via a Solange (Lídia Brondi) como editora da Tomorrow em Vale Tudo, eu sonhava em um dia trabalhar numa redação de revista. Onze anos depois meu sonho se tornou realidade na editora Alto Astral.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Música é perfume

Segundo Maria Bethânia, “nada como um cheiro ou uma música para nos fazer sentir, viver, lembrar”. E eu concordo com ela. Há músicas que me trazem muitas recordações, como aquela que eu ouvia de pequeno nas Lojas Americanas. Até meus 14 anos, meu contato com a música se deu ouvindo rádio AM em Bauru, que na época me apresentava alguns figurões da MPB dos quais sou fã até hoje, como Chico Buarque e a própria Bethânia. Na vitrola de casa o que estava sempre na agulha era Julio Iglesias, Irmãs Galvão, Tião Carreiro e Pardinho e coisas do gênero, por conta do gosto musical de meus pais. Tinha um LP que eu adorava chamado Women in Love com cantoras internacionais do naipe de Barbra Streisand, Carly Simon, Carole King, entre outras. Esse meu pai deu de presente para minha mãe no dia dos namorados. Que bonitinho...

Na minha adolescência, quando eu já tinha dinheiro para os meus próprios discos, freqüentei muito lojas como A Discolar e O Disquinho. O ritual de compra de um LP era um processo complicado que quem nasceu na era do CD e do mp3 nem imagina. Hoje, nas megastores como Livraria Cultura e Fnac, você pega o CD, passa o código de barras pelo leitor e ouve 30 segundos de cada faixa. No método antigo, mais prosaico, você pegava o disco, ia até a atendente e pedia para ela tocar faixa por faixa, lado A e lado B, para poder ter uma noção geral do que ia levar ou não pra casa.

Fiz muito disso e, por várias vezes, acabei não levando nada. O que me tornou uma pessoa não muito benvinda nas lojas. As balconistas acabavam inventando uma desculpa para não tocar os discos que eu pedia ou então simplesmente me ignoravam. A saída foi me tornar amigo de uma delas – a Valdirene –, que trabalhava numa loja muito perto da minha casa. Descobrimos que tínhamos gosto muito parecido e acabávamos ouvindo discos inteiros na loja. Ouvimos muito Kid Abelha, Legião, Paralamas, Barão Vermelho sem precisar desembolsar um centavo. Também adorávamos as trilhas das novelas como Sassaricando, Bebê à Bordo, Top Model e O Outro. Eu ficava tanto tempo na loja que me sentia meio dono do negócio.

Vi outro dia uma reportagem dizendo que nunca se ouviu tanta música como nos dias de hoje. Conheço muita gente que não sai de casa sem seu mp3 player com milhares de canções baixadas da internet. Há os que ainda compram CDs originais e são terminantemente contra a pirataria, como minha amiga Mariana. E os saudosistas ou puristas que adoram os discos de vinil, como o personagem de Ary França no filme Durval Discos. Seja no formato que for, como diz Bethânia, “música é perfume”.



domingo, 3 de maio de 2009

Tevê educativa

Como qualquer pessoa que assiste tevê deve estar sabendo a Rede Globo está completando 44 anos em 2009. Mas o que quase ninguém sabe é que é a mesma idade da minha irmã Adriana. E pouca gente deve lembrar também que 44 é a idade da Rosana Garcia, atriz que estrelou algumas vinhetas comemorativas, como a dos 15 anos da emissora. Ideologias e críticas à parte, posso dizer que a programação da Globo contribui em grande parte para a minha formação, pois cresci assistindo muitos de seus programas.

Me lembro especialmente do seriado infanto-juvenil Shazan, Xerife e Cia. com os ótimos Flávio Migliaccio e Paulo José – uma dupla de mecânicos meio trapalhões que andavam pelo Brasil, a bordo de sua camicleta (caminhão-bicicleta) à procura de emprego e também de aventuras. Com elementos circenses, meio Bye Bye Brasil, os episódios ainda traziam muitas mensagens educativas. Eu gostava tanto do programa que, no dia seguinte ao episódio, eu e meu irmão brincávamos de camicleta no quintal de casa, juntando objetos e alguma sucata que eram nossos brinquedos preferidos, pois sempre nos davam uma certa liberdade criativa na hora da diversão.

Nessa fase ainda assistíamos Mundo Animal, Amaral Neto, o Repórter (com o inesquecível vídeo da pororoca), Sítio do Picapau Amarelo (morria de medo da Cuca e do João-Faz-de-Conta) e Globinho (com apresentação da Paula Saldanha), além de muitos desenhos animados (Tom & Jerry era meu favorito). Minha mãe sempre enxergou a necessidade de encontrar alguma coisa educativa na televisão e, por isso, fazia questão de que soubéssemos aproveitar o tempo que ficávamos em frente à telinha. Hoje não sou tão seletivo assim, vejo muita porcaria que não vou citar agora, mas assisto com frequência o Discovery e o Nat Geo. De qualquer maneira: brigado, mãe!