quarta-feira, 6 de maio de 2009

Música é perfume

Segundo Maria Bethânia, “nada como um cheiro ou uma música para nos fazer sentir, viver, lembrar”. E eu concordo com ela. Há músicas que me trazem muitas recordações, como aquela que eu ouvia de pequeno nas Lojas Americanas. Até meus 14 anos, meu contato com a música se deu ouvindo rádio AM em Bauru, que na época me apresentava alguns figurões da MPB dos quais sou fã até hoje, como Chico Buarque e a própria Bethânia. Na vitrola de casa o que estava sempre na agulha era Julio Iglesias, Irmãs Galvão, Tião Carreiro e Pardinho e coisas do gênero, por conta do gosto musical de meus pais. Tinha um LP que eu adorava chamado Women in Love com cantoras internacionais do naipe de Barbra Streisand, Carly Simon, Carole King, entre outras. Esse meu pai deu de presente para minha mãe no dia dos namorados. Que bonitinho...

Na minha adolescência, quando eu já tinha dinheiro para os meus próprios discos, freqüentei muito lojas como A Discolar e O Disquinho. O ritual de compra de um LP era um processo complicado que quem nasceu na era do CD e do mp3 nem imagina. Hoje, nas megastores como Livraria Cultura e Fnac, você pega o CD, passa o código de barras pelo leitor e ouve 30 segundos de cada faixa. No método antigo, mais prosaico, você pegava o disco, ia até a atendente e pedia para ela tocar faixa por faixa, lado A e lado B, para poder ter uma noção geral do que ia levar ou não pra casa.

Fiz muito disso e, por várias vezes, acabei não levando nada. O que me tornou uma pessoa não muito benvinda nas lojas. As balconistas acabavam inventando uma desculpa para não tocar os discos que eu pedia ou então simplesmente me ignoravam. A saída foi me tornar amigo de uma delas – a Valdirene –, que trabalhava numa loja muito perto da minha casa. Descobrimos que tínhamos gosto muito parecido e acabávamos ouvindo discos inteiros na loja. Ouvimos muito Kid Abelha, Legião, Paralamas, Barão Vermelho sem precisar desembolsar um centavo. Também adorávamos as trilhas das novelas como Sassaricando, Bebê à Bordo, Top Model e O Outro. Eu ficava tanto tempo na loja que me sentia meio dono do negócio.

Vi outro dia uma reportagem dizendo que nunca se ouviu tanta música como nos dias de hoje. Conheço muita gente que não sai de casa sem seu mp3 player com milhares de canções baixadas da internet. Há os que ainda compram CDs originais e são terminantemente contra a pirataria, como minha amiga Mariana. E os saudosistas ou puristas que adoram os discos de vinil, como o personagem de Ary França no filme Durval Discos. Seja no formato que for, como diz Bethânia, “música é perfume”.



Um comentário:

  1. Carol Baggio07/05/2009, 17:24

    pra mim, uma música é capaz de ativar a mémória senstiva, de fazer lembrar tanto de um lugar que até o cheiro a gente consegue sentir- daí talvez o porquê da música ser perfume, sim!!
    me diverti com a sua história com a vendedora de discos, e fico pensando o quanto a música tem individualizado as pessoas hoje, né? vc baixa o mp3 em casa, ouve no seu ipod... o que será de nós??
    tô adorando o blog!!!
    beijos

    ResponderExcluir