terça-feira, 15 de setembro de 2009

A vida é uma grande ilusão


Sai Lapa, entra Leblon. O multicolorido Rajastão sai de cena e, em seu lugar, avistamos as belas e pictóricas paisagens de Búzios. Desaparece o histrionismo de Caminho das Índias e entra em cartaz o estilo suave e minimalista de Manoel Carlos. Não vamos mais ter que ouvir “você não vale nada mas eu gosto de você” nem a agitada abertura Beedi de Sukhwinder Singh & Sunidhi Chauhan. Em vez disso, temos Vinicius, Chico e Miúcha nos embalando com “sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão”.

Tentei muito assistir a estreia de Viver a Vida ontem mas só consegui ver a cena final do desfile onde a personagem Luciana, vivida por Alinne Moraes leva um tombo na passarela. Ali já se pode ver que o clima entre ela e a protagonista ainda vai pesar muito até maio de 2010.

Confesso que estou curioso pra saber como Taís Araújo vai se sair como a oitava Helena do Maneco. Tenho minhas reservas quanto ao talento da superbonita. Se bem que, sob um olhar mais cuidadoso, algumas das protagonistas anteriores não foram lá essas coisas. A melhor, para mim, foi Lilian Lemmertz que era uma atriz sensacional de grande carga dramática e, pela sua primorosa atuação em Baila Comigo, recebeu inúmeros elogios do público e da crítica. Em segundo lugar, vem Christiane Torloni, que viveu uma Helena humana, às vezes fraca, vulnerável, infiel e cheia de defeitos. Talvez, por isso, uma das melhores. Maitê Proença e Vera Fischer nunca me deram demonstrações de grande talento dramatúrgico, no entanto, Manoel Carlos conseguiu arrancar da loiruda - ponto para ele - uma atuação convincente.

E a Regina Duarte, hein?! Bom... esse é um terreno movediço porque muita gente acha ela talentosíssima. Mas, devo admitir que tenho uma certa birra com a namoradinha do Brasil, de suas caras e bocas e de sua atuação afetada. Classifico Raquel Accioli de Vale Tudo e a viúva Porcina, a que era sem nunca ter sido, os dois pontos altos da carreira folhetinesca de dona Duarte. As três Helenas que ela fez me pareceram sempre a mesma pessoa. Como se ao longo dos anos ela fosse tendo surtos de amnésia e vivido outras vidas, outros relacionamentos, tido outros filhos, outras profissões, mas sempre com aquele jeitinho “não-é-minha-gente?” de ser.

Deixando as Helenas de lado, as novelas do Maneco sempre exerceram um certo fascínio sobre mim. Na novela Baila Comigo o Leblon ainda não era o protagonista. O foco era na classe média mesmo e, desta feita, era o bairro de Santa Teresa com suas casa antigas e o charmoso bondinho que serviram de cenário para a trama. Para mim, a maneira idealizada com que a capital fluminense era retratada, tanto nessa como nas novelas posteriores do autor, me fizeram sempre sonhar com o dia que eu conheceria o Rio pessoalmente. Isso não fez de mim um alienado como poderia achar algum militante de esquerda marxista, argumentando que me deixei enredar pelo discurso pequeno-burguês de Manoel Carlos, apenas me tornou um eterno apaixonado pela beleza estonteante da Cidade Maravilhosa, que conheci pela primeira vez há 21 anos atrás.

Um comentário:

  1. O Rio de Maneco é sempre convidativo. As Helenas, nem tanto. Mas seus barracos... não há melhores. Beijos, Dé!

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